Santiago

Esse é o título do último documentário de João Moreira Salles. Santiago foi o mordomo da família Salles por trinta anos e ele é o personagem principal do filme, porém o coadjuvante da história de vida do próprio João Moreira.

Tive a oportunidade de assistir ao filme seguido de um debate com o diretor, que explicou ter feito as imagens para o documentário em 1992, porém optou por não montá-lo naquela época. Somente em 2006 resolveu retomar a idéia. Baseado no material bruto percebeu que a sua relação com o personagem de seu filme era de extrema distância, mesmo este lhe sendo tão íntimo. Como o próprio João disse, “ainda bem que não fiz o documentário naquela época, senão Santiago seria o objeto e não o sujeito do filme”. O que impressiona e comove é a exposição do diretor em se inserir na narrativa, tanto quando ouvimos suas interferências durante as falas de Santiago, quanto a própria narração do filme, que é feita em off e em primeira pessoa, representada pela voz de seu irmão. Além disso, João questiona as próprias imagens do filme de uma forma muito honesta, até porque ele mesmo confessa que nem se lembrava como havia feito na época. E isso nos remete ao fato de também assumirmos tal postura ao se assistir um documentário, já que a realidade das imagens podem, e quase sempre são, produzidas e não apenas filmadas.

Assim, como Cabra Marcado para Morrer (1964/84), de Eduardo Coutinho, Santiago também é um filme sobre o filme, que acaba por revelar um fato real da própria vida do diretor. João diz que gosta de filmar o acaso, os intervalos, e não as circunstâncias principais da vida das pessoas. Isso fica bastante evidente em Entreatos (2004), em que o filme acompanha a campanha de Lula pelo Brasil, optando por mostrar justamente as situações ocorridas fora dos comícios. João acredita que são nesses breves momentos que conseguimos captar realmente a realidade de uma pessoa e/ou de uma situação. E por coincidência, foi justamente o acaso que o fez querer remontar um filme que deveria ter sido feito há tantos anos atrás, mas que ao ser por ele revisto, o fez questionar toda sua postura em relação ao seu posicionamento como diretor de filmes e como pessoa.

Comentários

Anônimo disse…
nossa
estar numa cidade em que acontece as coisas é mesmo diferente. Ter oportunidades assim é muito bom.
Quanto ao acaso... acho que ele vem não só por meio do destino, mas por meio do tentar, buscar, promover, querer,... não falo de pensamento positivo ou outras neurolinguaiada qualquer... falo de proporcionar as chances apenas. o cinema é um mistério, principalmente para o diretor ou autor, pq ele sempre surpreende na tela. ele nunca é no olhar de uma sala, aquilo que o foi escrito no script.
bjus leurys... eu te amo... saudades
Gui Sillva disse…
VOCÊ É FERA !!!!!!!
Só faltam te descobrir...o que não vai demorar muito...ACREDITE!

Sempre pasos por aqui, só não comento pois não entendooooo nem 1% de cinema comparado a você...hahhahahahaha...sou uma negação!
kkkkkkkkkkkkkkkkk

Tô com suadades!!!!!
Vamos nos ver.
beijos e se cuide
Gui
Anônimo disse…
Interessante!

Quem sabe eu dou sorte e o filme passa em algum festival perto de casa.
:D

Beijos!
Anônimo disse…
Larissa,
Lembrei de vc, esse final de semana, no meu apt, tinha um anuncio no elevador que nosso prédio estaria servindo de ponto de apoio para a filmagem de BLINDNESS, imagina, da varanda da minha casa, eu pude assistir o cafe da manhã dos atores e produtores na quadra do prédio, além de inúmeros trailers espalhados na rua. Lá na passarela pudemos ver as cenas sendo gravadas nos trilhos dos trens, Julianne Moore, Mark Rufallo, Gael Garcia Bernal, Danny Glover, entre outros, sem dúvida vai ficar marcado na história de nosso edifício!
Abraços,
Marcela